sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Um, dois, três, quatro vergalhões


Quando entramos na universidade, ainda meio crus, aprendemos que notícia é aquilo que traz alguma novidade, o “gancho”. À medida que o tempo passa, passamos a usar os “óculos” de jornalista para enxergar mais nitidamente o que renderia matéria. Isso, porém, pode representar um problema a ponto de o professional não entender o que o telespectador quer assistir, porque vive no ambiente da redação de um canal de televisão. 

Primeiro, um vergalhão no cabeça (foto ao lado, tirada por fonte minha) e o alívio de o funcionário não ter morrido. Depois, mais um vergalhão noutro operário. Vergalhão no testículo. Por último, vergalhão na barriga de criança que andava de bicicleta. “Por que agora todos são atingidos por vergalhões?”, questiona-se a população.

A escolha do que é noticiado é um tema bastante subjetivo, assim como o espaço dado a cada matéria no espelho do telejornal. Afinal, por que a agenda dos candidatos fica poucos segundos e uma arte (somente a foto 3x4 do político e tópicos do que ele fez), enquanto a ressaca do mar do Rio de Janeiro desloca uma equipe para fazer um VT? Para chegar até o produto final, àquilo que os telespectadores assistem em casa, a redação passa por algumas etapas:

A chefia de produção decide as pautas. Os produtores escrevem e marcam o que deve ser feito nas matérias do dia seguinte. O dia acaba. A chefia de reportagem analisa se vale a pena fazer a matéria. A matéria é feita ou cai. Depois de feita, a equipe volta para a redação. O editor chefe decide se ela entrará no telejornal e quantos minutos ela terá. 

Jornalismo incendiário vs. Jornalismo investigativo


Discutíamos na aula passada como determinadas notícias assumem um espaço grande no noticiário. Para ilustrar, podemos nos lembrar do caso Isabella Nardoni, a menina de 5 anos que morreu depois de ser jogada pela janela do apartamento do pai e da madrasta em março de 2008. 

O acompanhamento diário das investigações encaixa a cobertura na expressão “jornalismo incendiário”, de Pierre Bourdieu em “Sobre a Televisão”. O jornalismo, segundo ele, tem a capacidade de elevar a temperatura de determinados eventos. Poderiam ter uma amplitude leve, mas o jornalismo incendeia o caso. O índice de audiência pauta o jornalismo e baixa a qualidade da TV, para Bourdieu. A pressão do campo econômico impede que o jornalista se comprometa a ter programas que busquem a reflexão, mas só programas de auditório e entretenimento. 

A procura pelo furo de reportagem também é uma das preocupações do jornalista e é importante para o veículo de comunicação ganhar credibilidade. Para isso, a empresa deve investir em jornalismo investigativo – cujas matérias levam mais tempo para ser feitas, pois exigem uma apuração mais rígida e difícil.

Se isso não ocorrer, tudo pode acabar como o caso Escola Base. Acusações levianas sem a apuração necessária, sem documentos, sem fontes, e que vão trazer processos. A reputação moral de pessoas e instituições estão em jogo. É bem como dizem:


A reputação que você demora séculos para construir você destrói em um segundo: um erro e ferra tudo. 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Os limites do jornalismo investigativo

Na reportagem especial de Rodrigo Alvarez assistida em sala, muitas vezes, a passagem* foi gravada quando ele estava no jardim das casas de empresários apontadas como construções irregulares. Até onde o jornalista pode ir? Essa filmagem significaria invasão de privacidade?

Segundo o professor Leonel Aguiar, é comum uma equipe jurídica acompanhar a etapa de edição da matéria para, principalmente, evitar futuros processos contra a empresa de comunicação. Caso um dos citados, conta, queria entrar com uma ação, porém, ele encontrará alguma forma.

Uma apresentação de Power Point da professora Lorena Vieira, com base no livro Jornalismo Investigativo, de Leandro Fortes, adverte a proximidade da imprensa ao papel do "quarto poder", quando o veículo de comunicação invade o espaço de outras instituições. Sobre a legislação brasileira, a professora destaca os artigos abaixo:



Para conferir a apresentação na íntegra, clique aqui.

*jargão jornalístico usado para designar o trecho do VT em que o repórter aparece. A passagem pode ser usada para substituir a falta de imagem de apoio, encadear a matéria, reforçar algo ou simplesmente para assinar a matéria.

A Ilha do medo

Assim ficou conhecida a Ilha do Governador, depois de série de reportagem investigativa da TV Bandeirantes, sobre o pagamento de propina feito pelo tráfico de drogas, a taxa obrigatória de motoristas para os bandidos e o envolvimento do presidente da associação dos moradores com o bando.

As reportagens da jornalista Camila Grecco foram ao ar em agosto deste ano e exibiram o medo e o terror que os moradores da Ilha vivem num local abandonado pelo poder público - incluindo a Polícia Civil (37ª DP, sob a chefia do delegado titular Deoclésio Francisco de Assis Filho) e a Polícia Militar.

As ligações de telespectadores para a emissora, da qual sou estagiária, não pararam. Todos os telespectadores queriam elogiar a coragem da equipe e a atenção da TV Bandeirantes à Ilha. Um morador chegou a ir até Botafogo para fazer mais denúncias, com medo de ser visto falando com jornalistas na região.

Até hoje, o problema da Ilha não foi sanado. A ida da imprensa ao local tem de ser mais frequente para a ira dos criminosos não concentrar em uma, duas pessoas. No fim do mês, a TV Record foi ao local exibir a casa de prostituição organizada com dinheiro do tráfico no local. Em entrevista para a Band nesta quinta-feira, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, foi cobrado por mais ações na Ilha, porque o direito de ir e vir do cidadão tem de ser pleno. Vamos lutar, Band, Record, Globo, por uma vida melhor para todos!



Jornalismo investigativo de Alvarez

Na aula passada, o professor Leonel mostrou uma reportagem especial do repórter Rodrigo Alvarez, da TV Globo, para assistirmos. O VT era sobre as mansões construídas irregularmente no país. Um trabalho que exigiu tempo de produção e apuração antes da filmagem.

Reproduçäo

Na reportagem acima, do mesmo jornalista, o programa Fantástico denuncia a venda de remédios que prometem o antienvelhecimento, condenados pelo Conselho Federal de Medicina e que trazem riscos para os usuários. Clique aqui para assistir.

A matéria alerta para prescrições de hormônios sem a necessidade do exame de sangue e que podem facilitar o aparecimento de doenças como o câncer. A equipe também viaja para os Estados Unidos e conhece os "doutores contra o envelhecimento", onde, assim como no Brasil, o médico só responde a processo caso haja denúncia de paciente.

sábado, 15 de setembro de 2012

A vida acadêmica


A minha formatura está prevista para o segundo semestre de 2014. Apesar disso, muitos dos alunos da universidade não pretende esquecer os estudos. A PUC-Rio prende o aluno, principalmente os alunos formados em Cinema, Jornalismo ou Publicidade. Por que eu digo isso?

Devido a várias matérias do Departamento de Sociologia e Política no currículo de Comunicação Social, o graduado em qualquer uma das três habilitações pode buscar uma formação na área das Ciências Sociais mais facilmente. São dois anos de estudo, que podem ser conciliados com o mercado de trabalho, para acumular a formação em Antropologia, Ciências Políticas ou Sociologia. Como futura jornalista e cientista política, eu pretendo cursar para alcançar a dupla formação pela PUC-Rio. Afinal, o corpo docente do departamento não come poeira: Ricardo Ismael, Eduardo Raposo, Maria Celina D'Araújo, etc. Só ferra.

Por outro lado, focando em Jornalismo Investigativo, eu encontrei na internet uma pós-gradução - MBA oferecido pela Fundação Getúlio Vargas. Vale lembrar que a universidade é superdestacada no campo das Ciências Sociais por causa do Centro de Pesquisa e Documentação (CPDOC), do qual a (excelente) professora de História Verena Alberti faz parte. A duração do MBA é de 14 meses. Pelo texto abaixo, sobre o objetivo do curso, qualquer um já fica ansioso:

O processo de redemocratização do Brasil foi acompanhando e estimulado por diversas reportagens de caráter investigativo que revelaram irregularidades no uso de dinheiro público, incapacidade administrativa, segredos de Estado, fraudes em licitações e em inquéritos policiais. Reportagens que resultaram em processos e em mudanças na legislação. Nos últimos anos, os mecanismos de apuração têm sido aperfeiçoados com a utilização de técnicas adaptadas de outras áreas de investigação e novas possibilidades abertas pelo uso de computadores e internet. Técnicas que permitem ao jornalista depender cada vez mais de seus próprios esforços para a realização de reportagens de caráter investigativo. Reportagens que têm sido valorizadas e destacadas pelos diferentes veículos de comunicação. O curso tem por objetivo sistematizar o processo de apuração dessas reportagens e, em aulas expositivas e práticas, mostrar os diferentes caminhos disponíveis para uma apuração jornalística consistente e inovadora.

Outra dica, sugerida pelo professor Leonel Aguiar, é a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Há cursos sobre Reportagem com Auxílio de Computador (RAC), uso de Banco de Dados, entre outros. O problema: muitos são em São Paulo.

A rejeição dos LGBTs na Igreja Metodista



Sessenta e um porcento para os conservadores contra 39% dos progressistas. A reportagem especial que pode ser assistida no vídeo acima acompanhou uma convenção em Tampa, Flórida, com evangélicos de lugares diversos ligado à Igreja Metodista para votar a favor ou contra a homossexualidade. "As práticas homossexuais são incompatíveis com os ensinamentos cristãos", argumenta um membro dos conservadores. A grande fatia de participantes da África - eram um terço dos presentes -, segundo a reportagem, contribuiu para os votos contra a aceitação da homossexualidade dentro da igreja. Depois do resultado, os evangélicos a favor da diversidade sexual protestaram e questionaram:

- Por que gastamos tempo com uma instituição que não nos quer?

Derrotados, os simpatizantes da causa LGBT, muitos da Glide Memorial Methodist Church, de San Francisco, Califórnia, desligaram-se por crer que "não devem lealdade" àquela igreja, mas sim à luta dos direitos gays. Especialista ouvido pela equipe afirma que, apesar da decisão, 60% de gays ou lésbicas estão ligados a instituições religiosas e são, em maioria, católicos.

Observação: eu encontrei o vídeo pelo canal "The I Files", que publica vídeos relacionados ao jornalismo investigativo no YouTube.