sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Um, dois, três, quatro vergalhões


Quando entramos na universidade, ainda meio crus, aprendemos que notícia é aquilo que traz alguma novidade, o “gancho”. À medida que o tempo passa, passamos a usar os “óculos” de jornalista para enxergar mais nitidamente o que renderia matéria. Isso, porém, pode representar um problema a ponto de o professional não entender o que o telespectador quer assistir, porque vive no ambiente da redação de um canal de televisão. 

Primeiro, um vergalhão no cabeça (foto ao lado, tirada por fonte minha) e o alívio de o funcionário não ter morrido. Depois, mais um vergalhão noutro operário. Vergalhão no testículo. Por último, vergalhão na barriga de criança que andava de bicicleta. “Por que agora todos são atingidos por vergalhões?”, questiona-se a população.

A escolha do que é noticiado é um tema bastante subjetivo, assim como o espaço dado a cada matéria no espelho do telejornal. Afinal, por que a agenda dos candidatos fica poucos segundos e uma arte (somente a foto 3x4 do político e tópicos do que ele fez), enquanto a ressaca do mar do Rio de Janeiro desloca uma equipe para fazer um VT? Para chegar até o produto final, àquilo que os telespectadores assistem em casa, a redação passa por algumas etapas:

A chefia de produção decide as pautas. Os produtores escrevem e marcam o que deve ser feito nas matérias do dia seguinte. O dia acaba. A chefia de reportagem analisa se vale a pena fazer a matéria. A matéria é feita ou cai. Depois de feita, a equipe volta para a redação. O editor chefe decide se ela entrará no telejornal e quantos minutos ela terá. 

2 comentários:

  1. Esse enfoque da mídia para um tipo de notícia (ou uma notícia, na verdade) é algo que pode ser facilmente visto hoje em dia. São vergalhões, ressacas, crianças desaparecidas, assassinatos. Qualquer coisa que possa causar um choque na sociedade é sugada e jogada nas folhas dos jornais, mesmo que não seja nem mais com o intuito de informar. Afinal, é interessante saber o caso do primeiro operário que foi atingido pelo vergalhão de sobreviveu. Só que não eram necessários outros milhares de casos como o dele estampando as capas dos jornais. Ótimo texto!

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  2. Nós falamos sobre isso esses dias. Será que o jornalismo esportivo aliena?
    É bem próximo... Nosso papel é educar a população?!?
    Quem disser que não talvez não saiba que há maior número de famílias que tem TV´s do que geladeiras no Brasil.
    E ainda tem o conflito ... jornal/ empresa.
    Afinal, quais pautas realmente servem a população?

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