Para o CEO do grupo Renault-Nissan, Carlos Ghosn, o Brasil não forma o número suficiente de engenheiros. Ele acredita que, a curto prazo, haverá aumento de salário e importação de profissionais. O decano do Centro Técnico Científico (CTC), Luiz da Silva Mello, ressalva que a quantidade de alunos de Engenharia na PUC-Rio aumentou 50% de 2007 para 2012, quando alcançou a marca de 3,5 mil estudantes. Em palestra nesta segunda-feira (26), no Auditório Padre Anchieta, Ghosn aponta a infraestrutura e a falta de competitividade de setores brasileiros como os principais obstáculos para o aumento da produção de automóveis no país.
– Falta investimento em infraestrutura – estrada, aeroporto, eletricidade. Quando se compara o Brasil com México, Indonésia, China e Índia, o Brasil tem potencial forte, mas tem um dos maiores obstáculos: a infraestrutura.
Ghosn acrescenta que, apesar de o país ser o primeiro produtor de minério de ferro do mundo, o aço mais barato não é brasileiro. A commoditie sai do Brasil para a Coreia do Sul para ser transformada em aço e volta para o Brasil a um preço menor que o brasileiro.
Ele enxerga ainda uma mudança geográfica da indústria automobilística. Para ele, o investimento caminha para a Ásia e para o Hemisfério Sul, com necessidade de mais capacidade de produção e desenvolvimento principalmente nos BRICs e nos países africanos.
A tendência é as fábricas ficarem localizadas nos países em que os veículos são vendidos, conta Ghosn. Como exemplo, cita a da Nissan em Resende, interior do Rio de Janeiro, programada para começar a funcionar em 2013.
– Nos anos passados, você produzia o carro nos Estados Unidos, na Europa ou no Japão e vendia para o resto do mundo. Hoje isso não funciona. Tudo vai ficar mais localizado. Isso significa que os empregos gerados pela indústria automobilística vão ficar localizados também.
Já a chegada de carros elétricos da Renault-Nissan ao Brasil, para Ghosn, não parece estar tão perto. Ele afirma que “é impossível produzir e vender hoje no Brasil. O brasileiro compra o carro elétrico se o preço for razoável. Se for caro, ele quer que o vizinho compre”.
Ghosn lembra, inclusive, que alguns governos dão incentivo fiscal direto para quem compra carro elétrico – o que não ocorre no Brasil. Ele reforça que a tecnologia para poluir menos é mais cara e, para facilitar a expansão dos “carros verdes”, alguns países taxam de acordo com a emissão de CO2. Até os taxis de Londres e Nova York vão mudar: serão da Nissan, porque a montadora se comprometeu a entregar carros elétricos.
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